Vimos nos últimos dias nos noticiários da TV, os estragos que as chuvas causaram para as populações que sofrem com as enchentes, pois bem, em um post recente, escrevi sobre a chuva e como se daria o processo de infiltração desta água pelos solos.
As imagens dos problemas ocorridos nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul mesclam-se com outras, igualmente graves, mostradas em anos anteriores. Vidas perdidas, pessoas ilhadas, automóveis boiando, barcos navegando em ruas, bens destruídos vão se tornando uma triste rotina no noticiário de tragédias vivenciadas pelos cidadãos.
A prevenção, redução ou eliminação dos problemas de enchentes demandam obras hidráulicas. Difíceis, muitas vezes caras. Mais que isso, porém, exigem mudanças na forma de uso do solo, na gestão das águas, no modelo de transporte.
O Programa de Metas da cidade de São Paulo têm em um dos seus seis eixos articuladores, o eixo Cidade Sustentável, configurando objetivos como preservação dos recursos hídricos e melhoria da drenagem urbana, entre outros. O programa da prefeitura, São Paulo contra a enchente, vêm investindo nos cuidados para minimizar os efeitos das chuvas.
Sabemos que estas ações resolvem parte dos problemas causados pela chuva, mas, não é suficiente, para uma cidade como São Paulo. Venho, constantemente, buscando conhecer algumas soluções que poderiam ser adotadas não só pelos agentes públicos como pela população também, a fim de solucionar os problemas de enchentes através do aproveitamento das águas de chuva como fonte de água potável e de reuso.
No município de São Paulo tem-se uma precipitação média anual de 1530 mm. Em uma localidade com essa precipitação, uma superfície impermeabilizada de 36 m2 permite captar água correspondente a 151 litros por dia, que é a média de consumo per capta diária nacional. Somente a água que é precipitada na Grande S. Paulo durante os meses de janeiro a março é superior em volume a todo o consumo desta cidade em um ano.
Em São Paulo e Florianópolis (SC), já há projetos de lei para tornar obrigatório o aproveitamento das águas de chuva em edifícios (condomínios ecológicos). Um caso de destaque é o shopping Aricanduva, em São Paulo (SP), a construção tem 62 mil m2 de telhado e em uma chuva forte chega a captar 7 mil m3 de água. Além de gerar economia de água, o sistema também contribui para diminuir o problema das enchentes.
Mas, não é tão fácil assim, captar água da chuva com qualidade aceitável em um ambiente fortemente poluído. A água de chuva quando escorre por superfícies impermeabilizadas carrega poluentes e contaminantes. Mesmo a água de chuva captada diretamente do céu apresenta problemas de qualidade, em uma localidade com grande poluição do ar.
Cada vez mais, faz-se necessário uma crescente necessidade de se apresentar soluções e estratégias que minimizem e revertam os efeitos da degradação ambiental. Para tanto, é uma questão de tempo, tecnologia, opção de investimentos e, principalmente, avanço no sentido de redução da poluição.
Certa vez ouvi de um amigo engenheiro (da Politécnica USP) que o problema das enchentes, em particular na cidade de São Paulo, não eram passíveis de resolução e somente uma intervenção "divina" poderia dar cabo a polêmica.
ResponderExcluirPois bem: esse é o pensamento que ronda as cabeças dos ditos "gestores públicos". O absurdo desta afirmação (que nega a própria engenharia, já que esta tem como foco o domínio da natureza) demonstra como se lida com os problemas no Brasil: muita fé e pouco planejamento sistemático, no caso, de ocupação do solo. Um bando de bananas, isso sim (sem ofensas a deliciosa fruta). O blog está de parabéns por trazer a tona esse tema do "Clima de São Paulo".
Vitor Cesar Vaneti
Parabéns pelo site, cada dia está melhor, em conteúdo e forma!!!
ResponderExcluirUma questão trazida pelo texto e que sempre me incomodou muito é a impermeabilização do solo, afinal numa cidade toda cimentada a água tem que explodir em algum momento, né?! Ou querem esconder a água (esgoto e lixo) como escondem todos os problemas sociais?
Rita